Suicídio em Tempos de Pandemia.
Por Dra. Karina Okajima Fukumitsu
Psicóloga (CRP 06/43624-6), Psicopedagoga e Gestalt-terapeuta.
Presidente da Associação Se tem vida, tem jeito.
“A partir do honroso convite da revista N/revista Biohazmag, a escrita deste capítulo aconteceu espontaneamente pela necessidade de direcionar luz para a jornada árdua que o mundo teve de enfrentar durante a pandemia de COVID-19.
Pelas incertezas de uma nova onda, o mundo ainda vive fase de melindres e encontra-se em momento de incertezas, sobretudo por não termos previsibilidade da finalização desta fase atordoante. O início deu- se com o anúncio de que ficaríamos em isolamento e em “quarentena” e, depois de anos de instabilidade, ainda em convalescimento, somos obrigados a lidar com o inevitável e com as imprevisibilidades que, se tivessem sido adiantadas, muitos de nós duvidaríamos, inclusive, se conseguiríamos viver. Nesse sentido, escrever este artigo exatamente dois anos e alguns meses depois de a pandemia ter iniciado é oportunidade para realizar a retrospectiva de um assunto sobre o qual tenho debruçado os meus esforços como pesquisadora e estudiosa dos processos autodestrutivos: o gerenciamento de crises existenciais.
Respaldada pelos estudos realizados pela publicação Lancet Psychiatry em vinte e um países, sendo dezasseis considerados de alto padrão de vida e cinco de estatuto económico médio alto, incluindo o Brasil, os pesquisadores concluíram “não haver aumento nas taxas de suicídio” pelo menos até abril de 2021, momento da publicação do referido artigo; a jornalista Mônica Manir, em reportagem da CNN Brasil, afirmou “Estudos publicados em 2021 sobre suicídio e coronavírus surpreenderam quem apostava que o primeiro dispararia em função da disseminação do segundo. De acordo com as pesquisas, não foi bem assim. O medo do contágio, o confinamento e as incertezas não levaram necessariamente a um maior número de mortes imputadas a si”.
—-No dia 11 de abril de 2020, escrevi nas minhas redes sociais uma nota de recomendação das notícias de suicídio em tempos de COVID-19:
Publicar notícias estabelecendo uma correlação entre a contaminação pelo COVID-19 ao suicídio é reducionismo. A OMS (2017) recomenda que evitemos explicações simplistas, publicação de fotografias e das mensagens de adeus da pessoa que suicidou. Deve-se evitar a informação de detalhes sobre a maneira como a pessoa se matou; não criar um clima sensacionalista; não utilizar estereótipos religiosos ou culturais nem reforçar acusações e culpas.
Em nota anterior (Fukumitsu, 2019, p. 83) sobre recomendação para situação de crise, foi indicado que “O melhor cuidado é o acolhimento e não a exposição. (…). O suicídio é multifatorial e a verdade vai embora com quem se matou. Infelizmente, nunca saberemos os reais motivos”.
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